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Diário da Pandemia – Nono dia de confinamento:

Março 27, 2020

O dia não começou muito bem... Acordei com uma enxaqueca “das brabas” (como dizem os antigos).

Assim, por falta de remédio pra tratar o mal, precisei ir até uma farmácia. Como fica próxima de casa, fui a pé.

O cenário de Walking Dead (lembram da referência que fiz no quinto dia?) relaxou um pouco nas ruas. Mais pessoas fora, caminhando e até correndo, do que era visto antes. Parece ser o espírito brasileiro: se há orientação legal, sou contra...
 
Pois bem, mais ou menos na metade do caminho, cruzei com um senhorzinho, na casa dos 70 anos, sacolas de mercado às mãos. Cumprimentei-o e ele a mim, sempre respeitando a distância regulamentar (até parece que estamos em um gigantesco jogo de futebol...). Do nada, ele resolveu puxar assunto: “Jovem (fiquei tão lisonjeado nessa hora, pois todos sabem que detesto ser tratado por ‘senhor’), você acha que esse vírus é mortal mesmo?”
 
Pela confiança que ele estava depositando em mim, resolvi destilar minha verve mesclada de professor, pseudomédico e diletante cientista: “Meu senhor, tenho acompanhado as estatísticas desde janeiro, e, de lá para cá, a incidência de mortos por contaminação cresceu 300%. Com isso, só posso lhe dizer que tenho muito medo...”
 
Nesse momento, resolvi indagar o porquê de ele estar caminhando pelas ruas, contrariando, em virtude da idade, até uma recomendação da OMS. Ele explicou que mora só com a “véinha” (palavras dele!), pois seus filhos residem longe e ficaram preocupados em, de repente, colocá-los em risco.
 
Bom, diante disso, procurei tranquilizá-lo, passando algumas recomendações (agora penso que, quem sou para dar conselhos a alguém mais vivido que eu?) e dizendo que todos, independe de idade, raça, sexo ou convicção política, corremos risco com o Coronavírus.
 
Então, despedimo-nos, e cada um seguiu seu rumo.
 
Agora, na guarda de meu modesto lar, pensei um pouco na conversa que tive com o senhor (mal-educado que fui, nem perguntei seu nome...) e lembrei-me das estatísticas horrendas que os meios de comunicação de massa nos passam (para o bem ou para o mal) todos os benditos dias. Recordei dos milhares de mortos na nossa querida Itália e penso, com isso, que devemos, ainda hoje à noite, fazer uma breve prece/oração por aquelas vitimas que nem puderam se despedir de seus entes queridos – não só italianos, mas também espanhóis, franceses, chineses e demais.
 
Ao lado dessa prece, penso que (lá volta minha verve cientista!) devemos continuar nos cuidando ao máximo. Como dias atrás ouvi de um político que não lembro o nome, é melhor, nesse momento extremo, pecarmos pelo exagero do que lamentarmos pela imprudência. Boa noite a todos!
 

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