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Diário da Pandemia – 18º dia de confinamento:

Abril 05, 2020
Noite passada, tive um sonho muito revelador. Tanto que passei o dia inteiro de hoje pensando nele.
 
Fui dormir relativamente cedo (aí pelas 23h30, pois, depois que foi anunciada a pandemia, tenho dormido geralmente depois da uma hora da manhã), mas demorei muito a pegar no sono. A ansiedade parece mais forte em dias como os que estamos vivendo. Agarra-se ferrenhamente ao nosso ser e não nos deixa pensar com razão.
 
Sei lá que horas poderiam ser, talvez alto da madrugada, quando começou o dito sonho. Inicialmente, eu parecia estar numa cidade arrasada (não sei pelo que), uma mistura de São Miguel do Oeste (minha cidade natal) com Xanxerê (onde resido atualmente).
 
Olhando para os lados e não vendo “viva alma” – humana ou animal – comecei a pensar que lugar seria aquele. Não demorou muito tempo e escutei um barulho ao longe, que vinha se aproximando de mim. De repente, alguém chamou meu nome. Olhei para todos os cantos e não vi ninguém... Estaria delirando? Febre?
 
Olhando com mais calma, um sujeito enorme, todo de branco, surgiu a minha frente. Ele era muito alto (devia ter uns dois metros) e portava um grande par de asas! Um anjo celestial, daqueles que a bíblia narra com desenvoltura, estava em meu sonho! Não sei como nem por quê...
 
“Ulisses”, chamou novamente com uma voz triunfante. Respondi com um “sim” tímido e titubeante. “Venha comigo, pois preciso te mostrar algo”, falou. Assim, em questão de segundos (na velocidade de um sonho), estávamos em outro lugar, agora com várias crianças brincando felizes num campo de grama, em um dia muito ensolarado.
 
Ele apontou para uma delas e disse: “aquele é você. Bem diferente de hoje, uma criança vivaz e despreocupada”. Quase quis retrucar: “e qual criança não é assim?”. Ao longe, vi adultos, parecidos com meus pais quando mais jovens, que conversavam amistosamente.
 
A cena foi muito rápida. De repente, já estávamos em outro cenário. Esse, muito lúgubre e escuro. No local, apenas um velho caminhava pesadamente, ar cansado e olhar desesperançado. Em tudo que ele tocava, desvanecia no ar. Diferente do outro, não havia mais ninguém próximo. “Também é você. Velho e sem confiança, esperando a morte chegar!”, bradou o anjo. Um arrepio gelado percorreu minha espinha de ponta a ponta.
 
Do nada, estávamos de volta à cena inicial. Antes de desaparecer como que por mágica, o anjo perguntou o que eu estava fazendo hoje para estar tão distante de quando eu era criança e tão próximo de um velho decrépito? Fiquei mudo, não tinha como retrucar.
 
Claro que isso tudo não passou de um sonho diferente, um pouco assustador. Sempre fui atraído pelos mistérios por trás dos sonhos, conseguir interpretá-los com maestria, para que sejam definitivamente elucidados.
 
Esse, porém, não consigo decifrar totalmente. Sei que não sou um sujeito “iluminado”, que os céus escolheram para uma mensagem fatal. Ao contrário, sou um cidadão comum, mero mortal que se preocupa mais em pagar as contas do mês e ter um pouco de saúde.
 
Então, penso que o sonho é uma espécie de automensagem para que, a partir de um acontecimento grandioso (a pandemia), eu reflita sobre minhas pequenas ações diárias. Para que eu possa agir de forma mais humana e solidária, pensando em não tornar-me futuramente um velho cansado e desesperançado, como a figura que o ser alado me mostrou.
 
Vou começar a refletir sobre isso a partir de agora.
 
Boa noite a todos!

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