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Diário da Pandemia – 16º dia de confinamento:

Abril 03, 2020
A cada dia que passa, a angústia se intensifica e parece ir dominando todo o ser. Hoje, completam-se 16 longos dias de confinamento. E, ao que tudo indica, o prazo deve se prolongar. Mesmo que cada um se envolva nas mais diversas atividades possíveis, chega um momento em que tudo satura: seja arrumar alguma coisa na casa, seja assistir a filmes, seja ler e até “hibernar”.
Parece que este “tempo sombrio” (vou atenuar um pouco, utilizando o singular) só serve realmente para fazer boas análises da vida (tipo: aqui acertei, ali errei, acolá fiz quase certo...) e algumas divagações. Além, também, de permitir recordar de momentos divertidos ou tristes do passado. Prefiro os divertidos, pois, como diz o filósofo (novamente não recordo o nome...), lembranças ruins são para serem enterradas definitivamente.
Pois bem (estou usando muita essa expressão; está até virando uma “muleta linguística”), vamos então relembrar momentos divertidos de um tempo não tão longínquo de minha carreira de professor no ensino superior. Vou organizar essas lembranças em três atos, envolvendo diferentes atores, em diversos períodos de tempo.
 
Ato 1: transcorria uma prova (confesso que relativamente “fácil” – nunca soube fazer provas difíceis), em uma das turmas do curso de Pedagogia. Todos concentrados, e eu passava pelas carteiras, observando cuidadosamente todos, no intuito de evitar colas. De repente, ao passar por uma jovem, vi que ela estava com a testa franzida, demonstrando muita raiva. Curioso, resolvi indagar a ela o que estava acontecendo. Sua resposta foi muito objetiva e seca: “espero nunca mais ser tua aluna!”. Passado o choque inicial, resolvi responder a ela com um bom “humor” sarcástico: “e eu, espero nunca mais ser teu professor...”. Ambos rimos em seguida, sorrisos de cumplicidade. Fecha o pano.
 
Ato 2: em uma turma do curso de Administração, havia um jovem que gostava de conversar muito – para ele, ato normal; para mim, transgressão de regra e incomodação. Um certo dia, ao finalizar a aula, chamei-o para conversar. Eu estava sentado na cadeira “magistral” e ele em uma outra. Afirmei: “preciso que você pare de conversar tanto. A turma tem reclamado das tuas atitudes”. De bate-pronto, ele retorquiu: “sabe, professor, que a turma também tem reclamado muito do senhor para mim?”.
 
Segurei o riso, pois nunca esperava uma resposta daquelas... Fecha o pano.
 
Ato 3: quase final das aulas da noite no curso de Educação Física; faltavam uns 15 minutos para acabar. De repente, do final da sala, um aluno levanta e se dirige à porta, mochila a tiracolo. Imediatamente, perguntei a ele para onde ia. Respondeu que estava indo embora. Contra-argumento: “se você for agora, terá duas faltas”. Entre surpreso e assustado, ele respondeu: “então, acho que vou ficar”, e voltou em direção a sua classe.
 
Não lembro se houve risadas dos colegas, mas deve ter havido, pois a cara de susto dele ficou muito evidente.
Bom, todos esses personagens são reais e, após os acontecidos, nos tornamos bons amigos. Enfim, meus anos de professor de ensino superior tiveram seus “altos e baixos” (mais baixos do que altos, confesso), mas que me proporcionaram bons aprendizados.
 
Aprendizado sinto ser a palavra-chave do momento. Aprendermos a suplantar um momento de muita incerteza e angústia; aprendermos a viver em comunidade; aprendermos a exercitar mais a compaixão e o cuidado com o outro. Portanto, muitos e diferentes aprendizados esperam pela raça humana após esse período conturbado. A nós espera-se que estejamos dispostos a ouvi-los.
 
Boa noite a todos!

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